sábado, 8 de fevereiro de 2014

As palavras podem unir ou não... as palavras podem ser pontes que nos levam onde o corpo não pode ir , as palavras rompem silêncios que condenam ao isolamento e à tristeza mas elas nem sempre podem ser a varinha mágica para todas as desgraças da terra.
 Há momentos em que as palavras ficam mudas, são aqueles momentos que acontecem quando na vida Alguém plantou um espinho no meio do caminho que alegremente percorríamos, partilhando palavras simples, porque simples é o amor. Este espinho pode ser uma partida, uma perda, uma morte inesperada.
O meu espinho continua a crescer e tirou-me o sentido das palavras. Como gostaria que o tempo o transformasse num cardo florido que possa servir ao menos para dar força ao desalento. Quero concentra-me no balançar sereno das flores deste cardo, que em julho esmoreceu e em julho coagulou a minha mente que, num processo lento e senescente, se agarra à memória do que foi dito.
Se a força das palavras igualasse a força do amor construiríamos todas as pontes que uniriam o passado e o futuro, e a tua perda não seria tão dolorosa no presente. Não encontro no entanto, as palavras que dêem sentido ao inesperado acontecimento que me arrancou da vida, finalmente serena e pacifica.
Ao perder-te perdi-me, e perdi de novo a confiança que crescia, à medida que te via fazer projectos. Sinto-me culpada de não te ter dado a mão, sinto-me a pior das amigas porque não vi os sinais que o corpo de certeza nos dá e te deu. Sinto-me culpada porque vi partir Licas e não derramei  uma lágrima e vejo a morte lenta apoderar-se de Jaime que arrasta os pés pela casa, sem uma pinga de piedade. É a vida penso eu...tudo morre e se for no tempo certo, nada podemos lamentar.
Mas o que é o tempo certo para partir? Não tenho respostas. O coração fala por mim, que fiquei muda e sem alento para falar sobre o  o sentido que todos procuramos nesta vida. Mas que sentido ? Talvez o sentido da vida seja o riso irónico do destino que nos leva ao colo. Como criança a quem tiraram o brinquedo querido, choro e estendo as mãos vazias. Digo e repito a mágoa e sinto que ando num carrossel que me leva a nenhum lado.
 

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