segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Partida


Que a tua partida nos ensine todos os dias a darmos valor ao momento, ao olhar cúmplice ou terno de quem cruza ou partilha a nossa vida. Que a tua eterna ausência faça de nós pessoas melhores.Não podemos abrir mão de um amor tão grande, de alguém tão especial, sem aceitar que qualquer acontecimento  não pode ser um acaso em vão, um absurdo engano da trama que a vida vai tecendo!
Foste uma brisa celeste que passou, e por ti queremos aprender a ver com olhos de amor, com olhos de ver todos os momentos que se cristalizam no tempo e que de vez em quando se reavivam como fogo fátuo que do nada brilha na escuridão da dor e da saudade que dói...que dói.
Não partiste Joaninha, só mudaste de rumo; a tua essência continua etérea nos pedaços de papel que deixaste para trás com recados da tua vida que não te aprisionou, mensagens que escrevias e que povoavam o teu quotidiano.Preocupações tuas  que ficaram retidas para sempre no tempo, e que não tiveste tempo de resolver.
.Queremos aprender nos momentos especiais a senha que conduz à felicidade, à união entre espíritos que partilham a  beleza de uma paisagem, de uma conversa ou até de uma boa refeição.
Cada palavra, cada segundo poderão ser os últimos e por isso terão sempre que ser vividos com a  intensidade que só o amor exige e permite.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Um encontro

No meio da confusão de um átrio de escola, descobri o teu olhar que espreitava por detrás de uns óculos gigantescos! Ainda hoje não consigo compreender o motivo daquele  prolongado cruzar de olhares... o meu mundo parou por uns momentos. Senti um misto de bem-estar e inquietação. Como que a responder a um chamamento mudo, a tua cabecita girou sobre o teu ombro direito e o sorriso fixou-se em mim  por segundos. o ruído de fundo desapareceu, o tempo parou, mas por fim a tua atenção concentrou-se novamente nas actividades que estavas a fazer com os colegas e esqueceste-me. O calor suave que senti no meu peito dissipou-se, enquanto alguém me falava da tua vida de criança, em pinceladas curtas e rápidas. Parecias uma menina feliz. Mas quem serias tu pequenina!? Fizeste algo acontecer enquanto eu atravessava o átrio da escola onde trabalhava. Uma maravilhosa experiência que derreteu o meu coração, habitualmente indiferente a pessoas estranhas. o teu suave e talvez tímido sorriso fez esquecer os óculos de lentes grossas e enormes que quase tapavam o teu olhar, um pouco perdido, e a tua face de anjo.
Quem eras tu pequenina para mergulhares sem aviso na minha memória? Serão momentos assim, os sinais intemporais da vida que deveríamos agarrar com a força de quem vai naufragar? Instantâneos  que se vão escrevendo  na tela e na teia que antecede o futuro.