terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O medo sem nome


Os tabus, os valores morais deixaram de fazer parte do mundo fabuloso da pequena. Ela conheceu então o lado mau do Homem-Lobo que a seu belo prazer invertia todos os valores...e Ariana não podia fugir da teia que luzia tremendo ao menor som dos passos ora pesados ora leves do Velho do Chapéu.
Como o seu pai fora atirada às feras da montanha. Também Ariana se via só e sem saber ao certo se a menina má e perversa era ela, quando de soslaio olhava para a penugem da velha que a tratava por"netinha" para aqui, "netinha "para acolá...
- Netinha, meu amor, faz um favor à tua avozinha...vai buscar o "MITONGO" quero ver se  andas a portar-te mal!...e lá ia a criança tremendo buscar o frasco azul que tinha o poder de desvendar todas as verdades e de castigar os mentirosos.Percorria o longo corredor o mais devagar que podia, desejava que o tempo parasse para evitar que a velha pegasse no temeroso frasco e o posasse na cómoda de pau-preto e desafiando todas as forças obscuras e enterradas no solo Africano ela proferia palavras mágicas que amedrontavam a pequena.Será que a "avozinha" conhecia o segredo?
A cómoda desaparecia, o frasco azul esfumava-se no breu do poço onde ela acabaria por ser enterrada viva se o segredo se soubesse, Ariana nem respirava, aguardava como bicho preso na teia que tão meticulosamente os velhos teciam à sua volta.O poço girava na sua cabeça, o medo da verdade pregava-a ao chão. Finalmente a velha Nila respirava fundo e olhava de soslaio para a criança, rodava sobre o banco e estendia os braços rechonchudos. Era o sinal para a criança se refugiar no seu seio volumoso.Ariana escondia a cara e soluçava de raiva e de alívio

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