...e na manhã seguinte de novo Ariana era chamada para participar neste estranho rito . O odor quente e acre dos líquidos que caíam sincronizados sobre a porcelana do trono sem rainha enchiam o ar húmido e gélido da sala do "trono" e de novo ela fugia perturbada.
Jaime...Jaime se tu ao menos tivesses um olhar mais atento e visses os olhos da tua menina, desorientados e aflitos, cada vez que lhe pagavas ao colo e a punhas sobre a mota negra do teu amigo, que te fazia o favor de vos transportar até à serra do Montejunto. Aí chegados era um Adeus breve e Ariana acenava os olhos marejados, não de saudade mas de medo do vendaval de luxúria que isolava a menina no Casal do Alto da Póvoa como se aí se criasse um novo mundo de Alice fantástico e cruel.
Aí os coelhinhos não falavam mas ela bem os ouvia guinchar debaixo da terra quando o avô os enterrava ainda vivos porque estavam doentes. Os tabus, os valores morais deixavam de fazer parte do mundo fabuloso da tua pequena Ariana.
Ela conheceu então o lado mau do homem-lobo que a seu belo prazer invertia a moral mas Ariana não podia fugir!
A protecção de Adelaide, da mãe Licas ou mesmo do pai sempre distante e severo desapareciam assim que a mota fazia a primeira curva no caminho térreo, Ariana via a sua família do outro lado do mundo que parecia tão longe e logo ali para lá das montanhas.
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