sexta-feira, 16 de julho de 2010


Fez-se ouvir o chiar metálico do comboio que anunciava uma paragem… Alpedrinha presa no tempo e no espaço acolhia o seu filho que durante mais de duas décadas percorrera a vida sem olhar para trás! Emanava desta vila, do concelho do Fundão, uma beleza sólida, robusta mas airosa. Aninhada nas encostas da Gardunha, o burgo granítico espreitando o nascente e espreguiçando-se para sul protegia-se dos frios invernosos da serra, piscando o olhar frio de pedra sobre as férteis planícies. Uma mirada que não se cansa de abraçar o granito das casas floridas. Alpendres e escadas graciosos enfeitam a austeridade das construções de pedra. A estação de comboio que se erguia do lado sul da vila, era a porta de entrada para o inquieto lar da memória. Alpedrinha, nome deitado sobre azulejos azuis, apelava como um grito, vindo de longe no tempo. O cheiro! Aquele eterno cheiro da terra que embalava a infância. Cheiro persistente que exalava dos cancelos e acordava os temores do encontro com o passado. A paragem seria curta como em todos os apeadeiros perdidos, no distante desconforto das regiões do interior.

Vamos a despachar que o tempo não nos pertence! Desceram agarrados uns aos outros. Foi assim que ficaram, bem juntos sobre aquele cais distante e deserto.

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