segunda-feira, 19 de julho de 2010

Terras de bravos que pelejavam por uma amante ora exigente ora plácida ao sabor das estações

As cabras da família por vezes causavam desavenças com os vizinhos.Bastava vaguear o olhar pela serra e lá iam elas aos saltitos mordiscando os rebentos dos pinheiros da Dona Auzenda.Valia a pena arriscar e, de vez em quando, olhar a beleza sólida, real e imponente das encostas salpicadas de uma miríade de cores de Primavera ou simplesmente cobertas de lençóis flutuantes e húmidos do Outono.
O respeito pela propriedade era um ponto de honra, para quem pouco ou nada tinha de seu. A fertilidade da terra era arrendada, as quintas e as casas também o eram, em troca de pouco ou de muito.Por muito pouco recorriam à violência, por pouco chegavam a matar! Jaime bem se lembrava da história mil vezes contada e outras tantas fantasiada que enlutou uma família de Vale Prazeres...tudo por causa de uma galinha.
A terra era uma amante que pedia sem cessar amor,esforço e justiça. Só o gado podia por ela vaguear mas mediante regras impostas pelos homens. Nela podiam despejar as suas entranhas e assim enriqueciam-na em troca de alimento.Nos "cancelos" praticava-se uma espécie de troca: o pasto pelo estrume.Tudo era economia, tudo tinha de ser gerido com zelo e respeito. Nada era desperdiçado. As leis da natureza eram imutáveis, rígidas para que nada se perdesse.

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