A vila tinha ficado para trás, aos solavancos embrenharam-se na verdura refrescante do bosque. O caminho de terra, esburacado e coberto por caruma, fazia deslizar as rodas de madeira. O chiar embalava a mente entorpecida de Jaime e mais parecia um gemido de prazer. O prazer e o deleite que Jaime sentia ao atravessar os campos do senhor Aurélio Pereira olhando as copas dos monumentais pinheiros que filtravam a luz do sol poente, brincando às escondidas com a sombra. Aqui e ali o pinheiral abria-se em redondas clareiras cobertas de giestas e urzes. Jaime conhecia estes caminhos e começou a contar as zonas desmoitadas. Algumas eram estéreis, nuas com a pedra que as cobria. Eram as Lajes! Uma dádiva da natureza serrana que o povo tão bem sabia aproveitar para a debulha.
Fechou os olhos e vagueou pela infância. Ouviu o chamamento de Ermelinda, sua mãe, que chegava ofegante carregada com o farnel para os homens da casa. Em círculo, virados para o meio da clareira, os homens tinham batido a compasso durante toda a manhã. Levantavam alternadamente os vara-paus com que malhavam o milho. Enxugavam as fontes suadas , com as costas da mão e retomavam a tarefa depois de um trago de água fresca da mina…
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