sexta-feira, 16 de julho de 2010

Viver do que a terra parir



- Mãe! Gritou Lurdes, na cabeça dormente de Jaime. Aquela figura meio mulher, meio criança parecia aliviada com a aparição da mãe que a vinha substituir naquele fardo tão pesado para os seus jovens ombros. Ermelinda estava de volta na vida de Jaime mas nada seria como antes, dos seus seios não sairia a fonte doce da vida que alimentara Jaime durante dois anos.
A vida desta gente não era muito diferente dos demais habitantes da vila. Pertencendo à classe baixa dependiam do que a terra paria. Almas humildes, ricas em cega fé mas materialmente pobres. Podia-se dizer que a riqueza numa família se media pelo número de pés que podiam amiúde estrear sapatos. A penúria permitia aos seus filhos que apenas usassem tairocas de madeira que, no inverno, escorregavam na neve gelada da Beira. Sapatos a sério só para os ricos filhos, de ilustres famílias da terra, que viviam como aristocratas altivos mas solidários com a pobreza quando o calendário assim o exigia. 

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