terça-feira, 20 de julho de 2010

A vingança serve-se com leite

Aos nove anos a escola ficara para trás há muito! Os rebanhos eram a única companhia de Jaime. Ainda o sol não afagava as lojas que abrigavam os animais felpudos e já o garoto reunia o gado para se pôr a caminho, rumo ao Vale da Cabra,percorria carreiros ladeados por manchas de giesta, mas lá bem alto frias e negras pedras pareciam serem obra do homem. Eram polidas, lisas e brilhavam ao sol nascente.Sempre atento aos fugitivos e mais afoitos cabrititos, o pequeno pastor atravessava o campo, passando rente à propriedade do "vinte e cinco", alcunha do vizinho mais próximo.Este vizinho zelava religiosamente pelo que era seu, mas raposa velha contornava toda a moral que dominava as relações no mundo rural e subtilizava descaradamente o mato do Francisco Ferreira.Claro que em defesa dos bons costumes um dia o "vinte e cinco" foi agredido selvaticamente com uma lata de leite. Não ganhou para o susto e aprendeu a lição.

1 comentário:

  1. Parabéns!

    Excelente texto. O primeiro que li aqui e fiquei fã.

    Eu vinha retribuir as visitas no Confessium e agradecer os pertinentes comentários, mas rendi-me à excelente escrita e temáticas escolhidas para os textos. Passarei a ser visita diária.

    Ah!... coitado do "vinte cinco". Deve ter apanhado um susto quando julgou que estava chovendo latas de leite do céu. hahaha

    Salutas!

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